segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ferramentas de trabalho - A mesa de som

Continuando a fazer uma analogia ao corpo humano, se o amplificador é o coração do som, a mesa de som é o sistema nervoso. Nela serão conectados todos os instrumentos e também serão processadas as informações correspondentes a volume, equalização, efeitos e endereçamento de sinal aos canais do amplificador, que por sua vez enviará aos caixas de som como já vimos. Também é na mesa de som onde irão se conectar outros equipamentos adicionais como, rack de efeitos e caixas de retorno por exemplo. São exatamente esses recursos que diferenciam uma mesa de som de outra, uma vez que seus princípios de funcionamento são básicos. Quando falamos em mesa de som, a primeira coisa que nos vem a cabeça é quantidade de canais, que nada mais é senão a quantidade de entradas onde serão conectados seus instrumentos musicais, microfones e outros aparelhos. Há uma infinidade de modelos que variam entre 4 a mais de 72 canais! Para nossa realidade nas igrejas, as mesas que possuem entre 12 a 16 canais (de acordo com cada necessidade), dão conta do recado sem preocupações. Supondo a seguinte configuração: 1 microfone para o celebrante, 1 para os leitores/comentarista, 3 para cantores, 1 entrada para violão, 1 para guitarra, 1 para contrabaixo e 1 para teclado. Já somam 9 canais a serem utilizados. O ideal é que você trabalhe com 2 ou 3 canais de sobra, vai que seja necessário conectar um player de mp3 ou mais microfones, ou ainda seu ministério cresça, enfim, tudo é possível. Ainda quanto aos canais, eles se dividem em mono e stereo. Exemplo: uma mesa de 16 canais irá apresentar normalmente a identificação de cada canal próximo a sua respectiva entrada. Os canais mono são individuais, já os stereos são compartilhados que servem entre outras funções para ligar por exemplo, dois violões e endereçá-los um para a caixa da esquerda e outro para a direita. Outro fator de peso numa mesa de som são os tipos das conexões disponíveis: XLR, P10, RCA..., tratarei de conexões em outro post, mas é ideal que a mesa possua conexões P10 (as tradicionais) e XLR (balanceadas - possuem 3 furos). Nas conexões XLR devem ser ligados os microfones e alguns instrumentos que compartilhem da mesma conexão, e os demais instrumentos SEMPRE devem ser ligados nas conexões padrão, a P10. Os controles da mesa também sofrem bastante variação de acordo com o modelo eo fabricante, mas, é quase unânime que apresentem controles de volume, graves (low), médios (middle), agudos (trebble) e ganho (gain). O diferencial está na operação desses controles de acordo com a necessidade. Lembram que o amplificador já opera em sua potência máxima? Pois é, nesse caso deve-se ajustar o volume geral da mesa e claro,o volume de cada canal.
A má operação da mesa de som é a maior causa de má qualidade sonora do ambiente e de efeitos mais que indesejáveis como a microfonia. Para evitá-los deixo as seguintes dicas: 1) Zere o volume do canal antes de conectar ou desconectar qualquer equipamento; 2) Como o amplificador opera em volume máximo, o volume geral da mesa raramente ultrapassa os 50%; 3) Se for necessário aumentar o volume dos equipamentos já conectados, faça-o de maneira gradual, nunca suba o controle de uma vez; 4) Procure ensaiar com as portas e janelas abertas para uma maior fluidez sonora. Normalmente ao ensair em ambiente fechado a tendência é utilizar pouco volume, volume esse que não será suficiente quando o ambiente estiver repleto de pessoas; 5) Ao conectar qualquer equipamento deixe os controles do canal FLAT, isso quer dizer que os controles de graves, médios, agudos e ganho(quando houver) devem ficar na posição CENTRAL, pois cada equipamento possui suas caracteríticas timbrais. Desse modo, nenhuma frequência será enfatizada; 6) Se após seguir os passos o som do equipamento estiver desequilibrado, ajuste a frequência em questão, diminuindo sua itensidade. Exemplo: Você conectou o microfone e a voz saiu muito "abafada" como se estivesse em um local fechado, certamente há um excesso de graves, caracteristica do equipamento, que nesse caso deve ser atenuado um pouco. É um erro muito comum, ao encontramos situações assim tentar corrigir elevando também o nível de agudos, se os graves já estão sobrando, se você tentar compensar acrescentando mais agudos, você terá duas frequências em desequilíbrio e logo mais terá uma baita microfonia, além de deixar o som com uma péssima qualidade; 7) O controle de ganho aumenta significativamente a presença e por consequência o volume do equipamento que estiver conectado ao canal. Por isso, é importante confiar a operação da mesa e som a uma pessoa só, que possua bom senso (uma vez que o sistema de som esta para servir a todos) e audição apurada para identificar possíveis excessos. Não tenho intenção de explicar o funcionamento de cada controle da mesa, nem de formar um técnico de som e sim de tentar passar os conhecimentos básicos sobre a mesa, que no meu entender deve ser de obrigação do músico. Em quantas situações você já não ouviu alguém dizer: " O som do violão esta rim, mas eu não sei o que é..."? Sabendo os princípios básicos, você vai descobrir muito mais sobre seus instrumentos e equipamentos, e como ele se comportam. O ideal é ler bastante os manuais de operação dos aparelhos e buscar informações em todas as fontes disponíveis, como na internet. A tecnologia de áudio evolui muito rápido, por isso, cada vez mais recursos são acrescentados nos aparelhos para se tornarem mais funcionais. Hoje, já podemos ver mesas de som digitais com efeitos profissionais embutidos e mesas já amplificadas, eliminando a necessidade de um amplificador externo.
Na próxima semana tratarei sobre os caixas de som. Até lá! Deus abençoe a todos!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ferramentas de trabalho - Amplificador

Dando início ao processo de conhecimento dos equipamentos que utilizamos para o desempenho das nossas funções como ministros de música, falarei um pouco hoje sobre os amplificadores de áudio. Fazendo uma analogia ao corpo humano, o amplificador é o "coração" do seu sistema de som. É ele quem vai injetar potência ao que for produzido e irá externar através das caixas de som, é o amplificador que o fará ser ouvido independente do tamanho do local. Vários modelos de amplificadores inundam as lojas de áudio e instrumentos nos dias de hoje, diferenciando-se pelo design, peso, funcionalidades, ruídos de operação, durabilidade, e claro, o mais importante, a potência. Quanto mais potente o amplificador mais capacidade ele terá de fazer chegar a todos os sons produzidos. A potência é medida em R.M.S. que é a medida internacional para potência de áudio. No Brasil, que ao que parece é o país das enganações, alguns equipamentos de som, principalmente os de uso doméstico, como systems e home theaters, trazem consigo uma etiqueta com medição de potência em P.M.P.O., medida que em nada reflete a potência real do aparelho, e serve apenas para iludir o consumidor forçando-o a acreditar que o equipamento é mais potente. Só para se ter idéia, 30 watts RMS são bem superiores a 500 watts PMPO! O importante na escolha do amplificador é sua potência como falei, porém essa potência deve ser proporcional ao ambiente em que o amplificador será utilizado. Não adianta gastar uma grana boa em um aplificador de 3000 watts RMS (utilizados em trios elétricos) para instalá-lo numa igreja. Os amplificadores no geral possuem dois canais, A e B, que recebem a divisão igualitária da potência. Por exemplo, um aplificador de 1000 watts, enviará para o canal A 500w e para o canal B os mesmos 500W. Se no caso das caixas de som não suportarem a potência enviada pelo canal, o amplificador possui ainda o recurso de ligar mais uma caixa de som auxiliar por canal, que irá dividir mais uma vez a potência. Exemplo: o mesmo amplificador de 1000w manda 500 para cada canal, mas minha caixa de som só suporta 300w. Então posso conectar outra caixa na entrada auxiliar do canal, que irá dividir a potência por igual nnovamente. No nosso caso, nas igrejas geralmente são suficientes os amplificadores de 300 a 500 watts e garantem um resultado mais que satisfatório. No que se refere ao uso do amplificador, devemos atentar para alguns fatores: 1) SEMPRE utilize o amplificador em uma tomada com aterramento adequado, pois além de evitar ruidos de operações ainda evitará o risco de choques elétricos que podem ser bastante perigosos; 2) É conveniente que o amplificador opere enviando sua máxima potência, ou seja, com os botões de volume no máximo, o que ira conferir melhor rendimento do aparelho; 3) Devemos atentar para os led´s que equipam os aparelhos, que são 3 por canal. Um verde - indica que o canal está ativo, o laranja - indica o uso do canal em níveis aceitáveis, e o vermelho - indica a clipagem do sinal. Clipar o sinal significa que o nível de som atribuído aquele canal está desproporcional e poderá perder em qualidade e definição. Evite ao máximo que esse led acenda, e se isso acontecer regule o volume dos equipamentos ligados a mesa de som (próximo assunto); 4) O local onde será instalado o amplificador deve favorecer a circulação de ar que irá favorecer o resfriamento natural do aparelho, aumentando sua durabilidade.
Era bastante comum nas igrejas presenciarmos um ventilador soprando direto sobre o sistema de som, em especial os amplificadores. Hoje, os aparelhos estão mais evoluídos nesse aspecto, alguns até contam com coolers e entradas de ar específicas, mas cuidado nunca é demais. Nem preciso mencionar a leitura do manual de instruções e a observação da voltagem do aparelho antes de ligá-lo pela primeira vez!
No mais, é bastante simples a operação do amplificador. Ele fica ligado a mesa de som, que será o tema do próximo post. Até a semana que vem e que Deus abençoe a todos!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Conhecendo mais sobre seu trabalho

Quem atua em ministérios de música já deve ter ouvido o seguinte comentário: "É pra Deus, Ele aceita de qualquer maneira." Não deixa de ser verdade, mas a expressão DE QUALQUER MANEIRA nunca me soou bem. Ninguém faz uma prova de qualquer maneira, não se dirige um carro de qualquer maneira, não se educa um filho de qualquer maneira, então porque ao realizarmos um serviço de evangelização, o faremos de qualquer maneira? São vários os fatores para os quais devemos atentar para que o desempenho seja realmente eficaz no objetivo maior: a evangelização. Conhecer um pouco mais a fundo os recursos tecnológicos disponíveis bem como buscar aprimorar os conhecimentos técnicos a respeito do seu trabalho também são fatores de fundamental importância. Nesse ponto, posso encaixar facilmente todo o sistema de som utilizado pelos ministérios nas missas, encontros, louvores e demais situações. À primeira vista o sistema de som parece algo bem complexo, mas aos poucos, de acordo com a maior familiarização, ele vai se mostrando bem simples e direto. Será que você como ministro de música conhece todo o caminho do som desde a fonte até o receptor? Conhece todos os equipamentos utilizados na sua igreja? Sabe operá-los com eficiência? E de seu instrumento? conhece todas as particularidades? Sabe como ligá-lo corretamente e aproveitar o melhor desempenho dele? Sabe qual equipamento de áudio é conveniente a sua realidade? Sabe armazenar e conservar os instrumentos e equipamentos de áudio?
Em muitas igrejas esses equipamentos correspondem a grande porcentagem do patrimônio existente, mas nem sempre recebem a devida atenção, seja por negligência pura ou por falta de conhecimento a cerca do assunto. A nossa doutrina, como ja disse anteriormente, é mais calcada na partiha da palavra, e claro, na Eucaristia, talvez seja esse o motivo de algumas igrejas deixarem para segundo plano o cuidado com o sistema de som. Por isso, cabe ao ministro de música a responsabilidade pelo zelo com o mesmo. Quer uma prova disso? É simples: se no decorrer de um encontro acontecer um microfone falhar, por exemplo,todos irão olhar na direção do ministério inevitavelmente. Nesse sentido, é interessante que caso a igreja não possua um operador de áudio, alguém do ministério assuma essa função, que diga-se de passagem pode ser uma das mais estressantes. No entanto, não é recomendável que essa tarefa seja muito dividida entre o membros, imaginem 4 pessoas (oito mãos, quarenta dedos) operando uma mesa de som! Tal atividade requer uma certa dedicação da pessoa que a conduzirá, devendo levar em conta o bom senso. Normalmente fica responsável pelo "abacaxi" a pessoa do grupo que tem mais sensibilidade auditiva (aquele que consegue distinguir um instrumento desafinado, ou um microfone muito agudo, etc.) Ao demonstrar interesse e dedicação ao sistema de som, logo você verá que a grande maioria das conexões, cabos e/ou equipamentos não são os mais adequados para a realidade de sua comunidade - ao menos em 90% dos casos é isso que acontece. Nesse momento você pode junto ao conselho de sua comunidade pleitear mudanças que melhor vão servir a todos, mas até chegar nesse ponto é essencial que você conheça realmente sobre o tema, pesquise, teste, ouça e analise cada caso. É um pouco dessa experiência com a vivência nesse mundo do áudio e da sonorização que vou tentar repassar nos próximos posts. Para isso vu separar todo o sistema de som e analisá-los em separado fazendo a correlação entre cada ítem. Espero que seja de alguma utilidade. Até a próxima semana e que Deus abençoe!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A postura do Ministro de Música

É fato que qualquer pessoa ou objeto que ocupe em um determinado espaço uma posição de destaque atrai para si a atenção de praticamente todo mundo. Com o ministro de música não é diferente, ele talvez chame mais a atenção para si do que o próprio padre em alguns momentos da celebração. É exatamente aí que mora o perigo. O ministro de música deve marcar presença, mas passar despercebido em termos de aparição ao menos nas missas.
Não é raro presenciarmos músicos que se comportam como se estivessem em um show durante as celebrações, o que além de chamar atenção para um aspecto negativo, tira muito o sentido do momento. Isso só para citar uma situação em que as atitudes não condizem com a missão. Algumas observações podem ajudar a melhorar nesse aspecto, como ter a consciência que em primeiro lugar sua missão é evangelizadora e não pura e simplesmente "exibir" o talento que Deus lhe concedeu. Nesse caso o amadurecimento pessoal fala bem alto e pode significar a diferença entre estar tocando A missa e tocando NA missa, como já citei antes. Os ensaios são de extrema importância e devem ser levados com a mesma seriedade, pois deles depende o êxito de cada apresentação. Não é elegante ficar ensaiando momentos antes da missa começar - a menos que seja uma canção mais nova que esteja sendo passada para a comunidade - visto que muitas pessoas preferem o silêncio da igreja para fazer um momento pessoal de interiorização ou ainda rezarem o terço, enfim, se o ensaio rolou tranquilo, não há porque fazer isso. Na minha realidade atual os meus companheiros de ministério não tem tempo disponível para ensaiarmos durante a semana, assim, nos encontramos duas horas antes da missa para ensaiarmos e deixar tudo pronto, inclusive com nosso som passado e equalizado (assuntos futuros). Outra situação bem comum é vermos músicos que passeiam por toda a igreja no intervalo entre uma música e outra, desviando a atenção da comunidade. Parece que tudo acontece: alguém o chama, tem sede ou vontade de usar o banheiro etc. Aliás, é uma dica: usar o banheiro momentos antes de começar a celebração e procurar manter uma garrafa com água bem próxima para evitar tal fato. Aparelhos eletrônicos como celulares, tablets, notebooks, gravadores e o escambau também não combinam com concentração, além de, claro, desviarem a atenção. Tenham em mente que todos na comunidade estão com os olhares voltados para a frente, onde normalmente o ministério de música fica. As conversas paralelas também devem ser evitadas ao máximo, pois mesmo que a comunidade não perceba e se distraia, você como músico pode se distrair e deixar de perceber um momento onde o celebrante pede uma música, ou ainda necessita que você responda as invocações da Oração Eucarística por exemplo. Afinar os instrumentos durante a missa é algo imperdoável. Caso isso seja realmente necessário, procure fazê-lo de modo silencioso, utilizando os recursos tecnológicos disponíveis como afinadores eletrônicos e cuidando para que ao terminar a execução de uma música manter o volume dos instrumentos zerados. A vestimenta é algo que também deve ser observados pelos ministros de música, devendo-se evitar bermudas, decotes e roupas muito justas ou curtas.
Em encontros diversos, grupos jovens, tardes de louvor e afins, a coisa já muda de figura e você usar e abusar da emplogação, claro que fazendo dela uma arma para envolver as pessoas. As músicas podem ser mais trabalhadas tecnicamente, os arranjos podem ser mais envolventes e a dinâmica mais forte. Agora o principal esta na sua vida fora da igreja. A partir do momento que você escolhe ser um ministro de música, sua vida social fica automaticamente atrelada às atividades da sua vida religiosa. Todos na rua vão passar a identificar você como "o menino ou a menina que canta e/ou toca na igreja", logo sua vida social estará passiva a mais cobranças, o que não deve ser problemas pois somos cristãos e o devemos ser em qualquer lugar e em companhia de qualquer pessoa. O fato é que não pega bem você ser visto cantando ou tocando na missa, e em seguida ser visto num bar com uma garrafa de cerveja na mesa, discutindo a vitória do seu time de futebol. Não quer dizer que com isso sua vida social vai acabar, deve-se apenas ter discernimento e seguir as escrituras: "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém" I coríntios 6,12. Como vocês podem ver, não é uma das tarefas mais simples ser ministro de música, porém não é impossível, e a transformação deve começar em cada um, mas a missão é de todos. Devemos cultivar dentro do nosso convívio o modo de vida dos primeiros cristãos, quem está nesse barco é porque acredita naquilo que prega, e quem acredita no que prega, VIVE o que prega, do contrário é hipocrisia. Espero que tenha conseguido passar algo de positivo essa semana, e deixo o desejo de que todos se comprometam ainda mais com o serviço do reino, pois nada há de mais gratificante nesse mundo. Que a alegria do Senhor seja nossa força durante essa missão. Deus abençoe a todos.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A escolha dos cantos

Muitos ministérios de música encontram exatamente nesse ponto sua principal dificuldade, seja por falta de conhecimento litúrgico ou mesmo pelo repertório curto. Escolher a música certa para o momento certo não é uma tarefa complicada, bastando apenas atentar para cada situação, uma música de acolhida para uma tarde de oração pode não funcionar para uma missa por exemplo. A primeira coisa que deve-se ter em mente é o tipo do evento. É uma missa? Reunião do grupo de oração? Encontro jovem? Tarde de louvor? Enfim, saber do que se trata é essencial. Em seguida é interessante subdividir o encontro em etapas, tipo: acolhida (música alegre), louvor (músicas agitadas), momento de oração (músicas meditativas) e assim por diante, observando sempre o tema do encontro e procurando sempre trabalhar uma canção que trate do mesmo ou ainda tenha ligação com a leitura bíblica de destaque no dia. Para isso, o conhecimento prévio das canções se faz importante, infelizmente nós católicos não temos o costume de ouvir músicas católicas no nosso cotidiano - pelo menos não a maioria de nós. Como no meu campo de visão a maioria dos ministérios de música atuam nas celebrações, passarei algumas dicas que talvez possam auxiliar nessa tarefa da escolha dos cantos.
É de fundamental importância o conhecimento das partes da missa e imprescindível situar-se no tempo litúrgico e as festividades vividas pela igreja no momento (tempo comum, advento, quaresma, finados, pentecostes, etc), deve-se conhecer a realidade da assembléia, se é composta mais por jovens ou idosos ou ainda mista, também é válido observar se é uma celebração de sétimo dia ou outras celebrações especiais. As músicas litúrgicas, segundo a Instrução Geral sobre o Missal Romano, devem ser cantadas sempre em terceira pessoa do plural, tipo: "Estaremos aqui reunidos / como estavam em Jerusalém...", sendo proibido retirar trechos ordinários da missa, tipo o Cordeiro de Deus e cantar algo em seu lugar, também não é recomendado cantar versões de músicas profanas incluindo letras cristãs, uma vez que por mais bela que seja a música, ao ser executada irá remeter a versão original e em alguns casos tirar toda a unção do momento litúrgico, causando o efeito contrário que é aproximar as pessoas a Deus. Dividirei as partes da missa: Entrada: É um canto alegre que deve ter participação de toda a assembléia para acompanhar a procissão do celebrante, ministros e demais ficando ainda mais conveniente se houver correlação com o evangelho do dia. Deve-se evitar continuar o canto após a procissão ocupar seus devidos lugares no altar, mas também não é elegante parar abruptamente o canto. Uma boa dica é suavizá-lo até o momento de parar; Ato Penitencial: Canto meditativo onde a pessoa se reconhece pecador e implora a misericórdia de Deus, devendo sempre seguir a fórmula: Senhor perdão, Cristo perdão, Senhor perdão. Cantos que não contenham essa súplica não são considerados atos penitenciais, o que não os impede de serem cantados, desde que ao final do canto o padre faça a oração que segue a fórmula acima(daí a importância do ministério de música atuar junto ao grupo de liturgia). Torna-se mais conveniente a escolhas de cantos com melodias mais suaves e menos embaladas; Glória: É o hino de louvor e agradecimento pelo perdão concedido por Deus na figura do celebrante, pelos nossos pecados confessados no momento anterior. Melodias mais embaladas e alegres são comuns nesse canto, que também segue a uma fórmula específica: deve obrigatoriamente exaltar o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O já famoso: "Glória, glória aleluia... Louvemos ao Senhor." não é considerado liturgicamente um hino de louvor. O hino também não é cantado nos tempos da Quaresma, Advento e em missas especiais como nos dias de semana; Salmo Responsorial: Deve sempre ser cantado, ao menos o refrão. A proclamação deve ocorrer no ambão e não recomenda-se substituir o salmo por cantos de meditação. Como dica, vale atentar para o contexto da leitura e escolher uma melodia que mais se adeque ao momento (alegre, meditativo, súplica); Aclamação ao evangelho: É a preparação para ouvir a palavra de Deus, devendo ser executado por todos de pé. O canto não deve ser muito longo e deve-se entoar o Aleluia, com exceção nos tempos de Quaresma e Advento; Ofertório: O canto de ofertório deve ser mais uma expressão de gratidão e reconhecmento a Deus por tudo aquilo recebido por Suas mãos. O canto não deve estender-se além do momento em que as ofertas estejam preparadas no altar; Santo: É um canto de suma importância dentro da liturgia, onde se exalta ao Senhor e o reconhece como o santo os santos. Toda a assembéia deve cantá-lo e a exaltação Hosana nas alturas é obrigatória; Abraço da paz: É comum seguir o costume local onde todos cumprimentam-se, ou ainda, por opção doo celebrante, é suprimido do momento deixando para o final da celebração; Comunhão: A Eucaristia é o ápice da celebração, e o canto para acompanhar esse momento tão especial também deve ser um canto instrospectivo que leve a uma oração pessoal, visto que algumas pessoas não comungam em espécie. Também é conveniente que não se utilize melodias mais agitadas; Canto final: Um canto de agradecimento pela renovação das forças para encarar o dia a dia, e pelas graças concedidas a cada um. Como disse antes, é costume de algumas localidades entoarem o abraço de paz nesse momento. Alguns outros momentos da celebração podem ser embalados por uma música em determinadas celebrações, como o Snal da Cruz no início da celebração, o Credo, O Pai Nosso, Cordeiro de Deus e as respostas das orações eucarísticas. Para isso o ministro de música deve sempre atuar junto a equipe de liturgia e ao padre sempre que possível, para planejar com antecedêcia cada momento. Isso além de firmar a imagem comprometida do grupo, é a atitude correta a se tomar. Cada um também deve buscar ampliar seus conhecimentos sobre liturgia para evitar situações como cantar um canto de ofertório no momento de comunhão (parece absurdo mas é bem comum), e também procurar ampliar o repertório buscando sempre mesclar as músicas mais modernas - ensaiando com a comunidade momentos antes da celebração se possível - com os clássicos que todos já conhecem. A oração deve sempre fazer parte da rotina do ministério antes de cada apresentação. Deve-se pedir discernimento, coragem e forças para seguir na fidelidade a Deus. Espero que essas dicas tenham ajudado a todos. Até a semana que vem. Deus abençoe vocês!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A música na Liturgia

Como eu já havia exemplificado antes, a música tem um papel fundamental dentro da liturgia, sendo utilizada como mais uma ferramenta de evangelização. Para utilizarmos corretamente essa ferramenta, devemos entender bem o contexto em que ela irá agir. Conhecer mais a fundo a liturgia é de fundamental importância para ministro de música servir da melhor maneira possível, levando em consideração vários aspectos como o próprio tempo litúrgico, perfil cultural da assembléia, a didática do celebrante, entre outros. É muito comum ouvirmos de ministérios ou músicos que estão começando sua caminhada que se canta pouco na missa, que em muitas vezes a música é reduzida ou até mesmo suprimida, que o padre "pega no pé" e várias outras queixas. Mas será que todas tem fundamento? Vamos lá: A missa é dividida em Ritos iniciais (Comentário de início, Canto de Abertura ou Entrada, Acolhida, Antífona de Entrada, Ato Penitencial, Hino de Louvor e Oração); Rito da palavra (Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura, Aclamação ao Evangelho, Proclamação do Evangelho, Homilia, Profissão de Fé e Oração dos fiéis); Rito Sacramental (Canto/Procissão das Oferendas, Oração Sobre as Oferendas, Oração Eucarística, Santo, Consagração e Amém, Pai Nosso, Abraço da Paz, Cordeiro de Deus, Canto/Distribuição da Comunhão, Interiorização, Antífona da Comunhão e Oração após a Comunhão); Ritos Finais (Mensagem, Comunicados da Comunidade, Canto de Ação de Graças e Bênção Final) Como podem ver, são vários os momentos que a música representa um papel importante e em alguns casos fundamental. Porém, na nossa realidade, muitas vezes não é possível seguir passo a passo todos os ítens acima, muitas vezes pelo espaço de tempo entre as celebrações - muitas vezes um mesmo padre tem duas ou três comunidades para atender seguidamente - ou ainda por um costume local, como por exemplo as comunidades que não costumam cantar o canto de paz, deixando as saudações para o final da celebração. Mas nós que servimos com a música devemos ter em mente o seguinte: Na doutrina católica, a liturgia é mais trabalhada em cima da Palavra e da Partilha. A música é apenas uma ferramenta como eu já havia dito, e que mal tem isso? O músico deve esquecer essa preocupação infantil de não ter a oportunidade de tocar determinadas músicas, o que as mesmas seja substituidas por orações em alguns momentos como ao penitencial, glória e santo. Isso faz parte da nossa doutrina sim. A partir do momento em que você está ali para servir, não faz a mínima diferença, mas se sua intenção ali for fazer um show particular, então sua queixa pde até fazer sentido, que não faz sentido é o contexto. De uma vez por todas: missa não é show. Há outros momentos em que você pode soltar sua criatividade e inspiração, como nos encontros jovens, grupos de oração, tardes de louvor, etc, mas ao tocar a missa, você deve estar compenetrado para transmitir o principal: a palavra. Diversos ministérios de música encontram nesse aspecto sua principal dificuldade, e eu reconheço que não é fácil. Já participei de situações assim, onde aos trancos e barrancos nos encontrávamos para ensaiar durante a semana, muitas vezes por horas, e no momeno da missa não se cantava o ato, glória, santo, paz... E infelzmente não tínhamos a maturidade e o conhecimento dos problemas e da realidade da nossa pastoral na época. Resultado? O "barco" afundou, lógico!
A missão do ministro de música é uma missão de amor, independe se cantaremos duas músicas ou se cantaremos vinte. Se na sua comunidade tem um padre que segue a linha de um padre Marcelo Rossi por exemplo, ótimo, você vai cantar quase que do início ao fim e todo músico gosta disso, todo músico se realiza ao tocar. Mas se na sua comunidade o coitado do padre tem que dar assistência a pelo menos 3 capelas, a coisa já não flui dessa forma, mas nem por isso seu serviço passa a ser insignificante, muito menos deve ser feito com desleixo. Pelo contrário, aí é que você como ministro de música deve se empenhar na mensagem de amor que sua música irá transmitir, pois ela pode ser o complemento que faltava lembra? Espero que eu tenha conseguido alertar ou conscientizar alguém desses fatos que são bem comuns em nosso meio. Desejo que Deus conceda a todos o discernimento e a maturidade suficientes para que ao se depararem com tais fatos, lembrem-se de que dificuldades maiores Jesus passou e nem por isso desistiu de nós e do projeto divino para a vida de cada um. Uma boa semana e que Deus abençoe a todos!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O ministro de música

Você já se perguntou o real motivo para se animar as missas, grupos de oração, encontros de jovens e afins? Como falei a semana passada, se a música for o seu dom, o seu talento, você será cobrado pelo que fez com ele. Ser um ministro de música é muito mais que simplesmente chegar, ligar seu instrumento e tocar/cantar e ir embora. É dedicação, amor e comprometimento com a palavra. A música, sobretudo dentro da realidade cristã é uma arma poderosíssima que poderá conduzir tanto a salvação quanto a perdição. Os ministros de música estão sempre na mira do inimigo, lembram da história de Lúcifer? Lembram quem ele era? Pois bem, antes de ser expulso do paraíso, Lúcifer era o comandante do coro celestial, que ao rebelar-se contra Deus, foi expulso do paraíso levando junto com ele uma terça parte dos anjos do céu (Apoc. 12-4), imaginem o poder de influência que ele tem sobre a música! Não é à toa que nos tempos de hoje a porta para a perdição de muitas famílias se faz através de músicas que em nada contribuem para o crescimento das pessoas, prova disso são as músicas atuais, que são uma convocação explícita ao consumo de drogas e a pedofilia por exemplo. E nós? O que fazemos como cristãos, como ministros de música dentro da igreja? Estamos utilizando nossas armas com eficácia, ou estamos lá só por achar divertido e nos conformamos com aquela velha máxima: "É melhor que estar no mundo..."? Imagine a seguinte cena: Uma pessoa chega na igreja para uma celebração, mas ela esta tão angustiada, com o coração tão apertado que nem sequer as palavras lhe conseguem vir à boca, ela está ali extremamente necessitada da misericórdia de Deus. Daí, uma música começa a ser executada, mesmo que não haja ninguém pregando, apenas a música tocando, e mesmo assim algo consegue tocar aquela pessoa, talvez uma frase, uma palavra, ou mesmo a melodia suave, não importa. De alguma maneira essa pessoa se sentiu agraciada, sentiu estar na presença de Deus e sentiu conforto e segurança para abrir seu coração e entregar sua vida a Deus. Essa é uma das missões confiadas ao ministro de música, tocar o coração, aproximar as pessoas de Deus. Quem sabe aquela homilia que o padre pregou por minutos, se complete com a música que você executou, e era só isso que faltava para a evangelização acontecer. Deus age na simplicidade das coisas!
Porém, para que isso aconteça, é necessário que o ministro de música esteja firme na espiritualidade, em constante oração e discernimento, além claro da parte técnica bem treinada. Não se pode dar aos outros aquilo que não se tem! Como você quer ser canal de trasnformação se sua própria vida ainda não foi transformada? Além de tudo, você não está somente querendo levar as pessoas a Deus, mas está indo também ao encontro d´Ele, está louvando, está adorando, está orando com a música. Isso é o que faz do ministeriado de música um dos trabalhos mais complexos dentro da reaidade da igreja, porém como citei antes, é um dos mais gratificantes. O clima de evangelização deve permear toda celebração, ninguém assiste a missa, participa-se da missa, ninguém toca na missa, toca-se a missa. Por isso, é de fundamental importância que o ministro de música busque diariamente uma experiência com Deus em todos os aspectos de sua vida, pois é a Ele que servimos e é d´Ele que nos fortalecemos. Espero que tenha passado algo de bom nessas palavras, e que a alegria do Senhor seja nossa força nas lutas diárias contra nossos inimigos, que sejamos mais fortes cada dia e que nunca pensemos e desistir dessa missão que Deus nos confiou, pois como o próprio Jesus falou: ..." Estarei convosco todos os dias..." Mt 28-20. Deus abençoe a todos!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O início

Há algum tempo atrás, dei início a este projeto para tratar de diversos assuntos relacionados a música católica nos dias de hoje, porém, fazendo uma analogia "atrevida" a Parábola do semeador, a semente parece ter caído emmeio aos espinhos. Hoje, entretanto, espero estar lançando a semente em boa terra e que a mesma cresça e dê seus frutos prósperos, os quais eu tanto esperei. Talvez não há serviço mais gratificante para um leigo engajado do que o ministeriado na música. Essa arte que move o espírito mais inquieto a uma realidade de calmaria, mas que também é capaz de despertar o espírito mais sonolento, é capaz de promover um relaxamento profundo onde o ouvinte se desconecta da sua matéria corporal e viaja sem limites rumo ao encontro com o criador. Talvez seja o serviço no qual você obtém o mais rapidamente um resultado visível da sua missão de evangelizador.
Sim, evangelizador. Todo músico que serve a Igreja é um evangelizador e será cobrado dele as contas pelo seu talento quando o "patrão" voltar. Sobre essa realidade é que o blog tratará: Ser um verdadeiro ministro de música. E para isso devemos conhecer o máximo possível os artifícios para que nosso serviço seja proveitoso. Irei tratar um pouco de equipamentos, instrumentos, periféricos, conexões, canto, apresentações solo ou em conjunto, vivência de comunidade, liturgia, postura dentro e fora da igreja, e principal: vida espiritual. Os conhecimentos que passarei não devem ser encarados como verdade absoluta, apenas como uma troca de experiência com um companheiro de caminhada (que já passou por poucas e boas, ou melhor, por muitas e ótimas), sugiro que ampliem ainda mais seus conhecimentos sobre todos os tópicos buscando também aconselhamento junto a publicações especializadas, grupos de oração e claro, junto ao seu vigário. Tratarei dos semanalmente e pedirei força e perseverança a Deus para que eu mantenha a regularidade e para que minha semente continue em terra boa. Um grande abraço a todos e que deus os abençoe! Carlos Eduardo